terça-feira, agosto 30, 2005

um novo rumo, uma atitude nova

É imperioso mudar a nossa atitude enquanto cidadãos e lutar pelo alargamento do nosso espaço de participação nas decisões a tomar quanto ao nosso futuro. É muito importante tornar essa participação efectiva! É essencial começar a mudar a nossa atitude já, em vez de esperar eternamente por uma mudança no comportamento deles, dos políticos profissionais, pela mudança das Leis ou a Revisão da Constituição.Que cada um se disponha a aprender sempre mais, a melhorar cada dia nalgum aspecto aquilo que faz em casa, no trabalho, na sociedade. Que Portugal e o mundo nos apareçam todos os dias como uma imensa “escola a céu aberto” em que todos são a um tempo professores e alunos de todos – em que cada qual faz o seu “trabalho de casa”. Que, durante um ano, façamos a experiência de “anestesiar” essa hiper-activa “glândula do Restelo”, do pessimismo, desmotivação e resistência à mudança – e sentiremos talvez diferença. Que, durante um ano, os portugueses usem da sabedoria de uma cultura cívica com 800 anos, mas actuem com a flexibilidade mental e frescura emocional de um povo com 8 anos, acabadinho de derrubar uma ditadura – a ditadura do “sempre assim foi”, do “não vale a pena” e do “está tudo inventado”, do “fazer como se faz lá fora” e “é assim, é do sistema”, do sistema que não nos livrou de chegarmos ao “estado a que isto chegou”.Para isso precisamos de um Presidente da República com um sentido da Portugalidade e da Lusofonia, acima e antes do sentido de Estado. Portugal, fruto maior e mais visível do “Espírito de Guimarães”, é uma realidade anterior e superior à do próprio Estado Português. Impõe-se um retorno às origens e ao sentido essencial do Portugal nascido em Guimarães para aí renovar a inspiração e a motivação para prosseguir rumo ao futuro.É a nossa vez de existir, de mudar o curso da história se for preciso. E mudar é preciso! Hoje, quando tantos portugueses voltam a emigrar em massa, revela-se com toda a crueza a mesma incapacidade da liderança do nosso país para realizar as aspirações dos portugueses que muitos supunham já ultrapassada. O país naufraga num mar de chamas, ano após ano. O sistema partidário vigente mostra-se incapaz de mobilizar a sociedade para travar os lobbies da “indústria do fogo”. Há todo um Portugal que de certo modo se afundou no rio Douro numa noite de Março de 2001. E se nos dispomos a resgatá-lo, há sempre uma “autoridade” a mandar-nos para trás com o subtil chicote duma força invisível, esvaziada de toda a força moral.Humberto Delgado foi há cinquenta anos e o vinte e cinco de Abril há trinta. Queremos passar discretamente pela vida, humilhados pela desvergonha de imunidades absurdas, gordas reformas precoces e amplas mordomias dos políticos de carreira vitalícia e vasta clientela; vexados pela ineficácia de todos os esquemas anti-corrupção montados por eles próprios? Ou queremos, acima de tudo, “não deixar passar a nossa vez”?Recuperar a dignidade, retomar o destino nas nossas mãos, ousar, sonhar e pensar impõe-se. Seguir a consciência, contribuir para as decisões, despoluir o debate e - finalmente - remarmos todos no mesmo sentido, no sentido da melhoria da nossa situação colectiva, para uma transformação visível da nossa realidade no prazo de tempo que nos é dado viver. Para deixar aos nossos filhos uma realidade melhor do que aquela que encontrámos e com a qual não nos conformámos, vale a pena lutar!