domingo, setembro 11, 2005

uma "citação" na página www.rr.pt

Nem sempre teremos tempo para rectificar as incorrecções que involuntariamente a imprensa acabe por praticar nos seus relatos das nossas acções. Nesta fase, porém, isso ainda é possível e fazemo-lo também com o pedagógico objectivo de alertar os leitores para a frequência com que, mesmo sem qualquer intenção como é manifestamente o caso desta vez, a "transcrição de afirmações" é feita com corrupção grave da ideia original. Assim, no seu sítio www relatava a RR um "repto" nos seguintes termos:
«O candidato a candidato deixa um repto: "Se não conseguir criar condições em Portugal para que a área florestal seja em cada ano inferior a 100 mil hectares, obviamente, demito-me", garante.»

Na verdade o discurso que lemos dizia o seguinte:
«Quanto ao Governo, deste ou de qualquer partido, se não conseguir criar as condições para que em Portugal a área florestal queimada seja em cada ano inferior a 100.000Ha de floresta - obviamente demito-o!»

Como facilmente se vê, não se trata de repto algum. Trata-se, sim, de um pré-aviso para uma nova atitude de vigilância ao executivo(+legislativo) em termos bastante mais concretos do que as complicadas (ou bem simples...) avaliações políticas que estamos habituados a ver ser feitas pelo Presidente da República quando colocam em cima da mesa (por vezes, literalmente "à mesa") a discussão sobre cenários de dissolução da Assembleia ou demissão do executivo.

Na notícia, o jornalista fala de uma condição de (auto)demissão do presidente, quando na realidade o discurso era sobre a demissão do Governo pelo Presidente. Daí ser tão importante uma leitura crítica por parte dos cidadãos que não participam nos eventos relatados - no sentido de não confundir os relatos (anotados muitas vezes à mão e ao correr da pena) com transcrições fieis do que foi dito. Porventura nascem daqui muitas estereis polémicas, mal-entendidos, rectificações e "direitos de resposta" em que se gasta tanto tempo mal gasto. Pela nossa parte, procuraremos ir corrigindo, como seguramente foi o caso, os naturais, compreensíveis e involuntários desvios da exactidão dos factos e posições emitidas que formos registando.